Wikinomics – Don Tapscott e Anthony D. Williams (Fichamento do Capítulo 1)

1. Wikinomics

“Devido às profundas mudanças em tecnologia, demografia, negócios, na economia e no mundo, estamos entrando em uma nova era, na qual as pessoas participam da economia como nunca antes. Essa nova participação atingiu um ápice no qual novas formas de colaboração em massa estão mudando a maneira como bens e serviços são inventados, produzidos, comercializados e distribuídos globalmente. Essa mudança apresenta oportunidades de longo alcance para todas as empresas e pessoas que se conectam.”

“(…) nunca antes os indivíduos tiveram o poder ou a oportunidade de se conectar livremente em redes de colaboração para produzir bens e serviços de uma maneira muito tangível e contínua.”

“O acesso crescente à tecnologia da informação coloca nas pontas dos dedos de todos as ferramentas necessárias para colaborar, criar valor e competir. Isso libera as pessoas para participarem da inovação e da criação de riqueza em cada setor da economia. Milhões de pessoas já unem forças em colaborações auto-organizadas que produzem novos bens e serviços dinâmicos que rivalizam com os das maiores e mais bem financiadas empresas do mundo. Esse novo modelo de inovação e criação de valor é chamado de peer production , ou peering — uma descrição do que acontece quando grupos de pessoas e empresas colaboram de forma aberta para impulsionar a inovação e o crescimento em seus ramos.”

“Novas infraestruturas colaborativas de baixo custo (…) permitem que milhares de indivíduos e pequenos produtores criem conjuntamente produtos, acessem mercados e encantem os clientes de uma maneira que apenas as grandes empresas podiam fazer no passado. Isso está fazendo surgir novas capacidades colaborativas e modelos de negócios que darão poder às empresas bem preparadas e destruirão aquelas que não forem capazes de se adaptar.”

“Os indivíduos agora compartilham conhecimento, capacidade computacional, largura de banda e outros recursos para criar uma vasta gama de bens e serviços gratuitos e de código aberto que qualquer um pode usar ou modificar. E mais, as pessoas podem contribuir com os “espaços digitais públicos” (digital commons) a um custo muito baixo para si próprias, o que torna a ação coletiva bem mais atraente. De fato, o peering é uma atividade bastante social. Tudo o que uma pessoa precisa é um computador, uma conexão de rede e uma faísca de iniciativa e criatividade para se juntar à economia.”

“Essas novas colaborações atenderão não apenas a interesses comerciais, mas também ajudarão as pessoas a executar tarefas com espírito público, como curar doenças genéticas, prever mudanças climáticas globais e encontrar novos planetas e astros.”

“Essas mudanças, entre outras, estão abrindo caminho em direção a um mundo no qual conhecimento, poder e capacidade produtiva estarão mais dispersos do que em qualquer outro período da nossa história.”

“As empresas passaram as últimas três décadas remodelando as suas operações para concorrerem em uma economia hipercompetitiva — eliminando custos de seus negócios a cada oportunidade, tentando se tornar mais “agradável ao cliente”, montando redes de produção globais e espalhando as suas organizações fisicamente constituídas de P&D pelo mundo.”

“Para as empresas inteligentes, a maré em alta da colaboração em massa oferece vastas oportunidades.”

“As empresas podem ir além dos próprios muros para semear inovação e colher frutos abundantes. De fato, as firmas que cultivam relacionamentos ágeis e baseados na confiança com seus colaboradores externos estão bem posicionadas para formar dinâmicos ecossistemas empresariais, que criam valor de forma mais eficaz do que empresas hierarquicamente organizadas.”

“A colaboração em massa através de fronteiras, disciplinas e culturas é, ao mesmo tempo, econômica e agradável. Podemos produzir por peering um sistema operacional, uma enciclopédia, a mídia, um fundo mútuo e até mesmo bens físicos como uma motocicleta. Estamos nos tornando uma economia em nós mesmos — uma vasta rede global de produtores especializados que permutam e trocam serviços por entretenimento, sustento e aprendizado. Está surgindo uma nova democracia econômica, na qual todos somos protagonistas.”

“A colaboração em massa pode dar poder a uma tropa de indivíduos e organizações conectados para criar uma riqueza extraordinária e alcançar níveis sem precedentes de aprendizado e descobertas científicas. Se formos inteligentes, usaremos essa capacidade a fim de criar oportunidades para todos e administrar cuidadosamente os recursos naturais do planeta. Mas a nova participação também causará grande transtorno, deslocamento e perigo para as sociedades, empresas e indivíduos que não conseguirem acompanhar essa mudança implacável.”

“Eventos recentes prognosticam que um mundo menor, mais aberto e interdependente tem o potencial de ser dinâmico, mas também mais vulnerável ao terrorismo e a redes criminosas. Assim como as massas de cientistas e programadores de software podem colaborar em projetos socialmente benéficos, criminosos e terroristas podem conspirar na internet para devastar nossa existência cotidiana.”

“Gates cita o movimento para criar um “espaço público criativo” global que contenha grandes conjuntos de conteúdo científico ou cultural como uma ameaça à capacidade de obter lucro em indústrias baseadas no conhecimento, como a indústria de software. Muitos altos executivos estão apoiando Gates para atacar o que eles vêem como novos “comunistas” de vários tipos.”

“Gates cita o movimento para criar um “espaço público criativo” global que contenha grandes conjuntos de conteúdo científico ou cultural como uma ameaça à capacidade de obter lucro em indústrias baseadas no conhecimento, como a indústria de software . Muitos altos executivos estão apoiando Gates para atacar o que eles vêem como novos “comunistas” de vários tipos.”

“Empresas acostumadas a dirigir confortavelmente as atividades do mercado têm de competir com novas e desconhecidas fontes de concorrência, como as massas auto-organizadas.”

“(…) a revolução da participação que está acontecendo agora abre novas possibilidades para que bilhões de pessoas desempenhem papéis ativos em seus locais de trabalho, comunidades, democracias nacionais e na economia global de forma geral. Os benefícios sociais são profundos e incluem a oportunidade de atribuir maior responsabilidade aos governos e tirar milhões de pessoas da pobreza.”

“Os novos modelos de peering podem trazer ao gerente bem preparado novas possibilidades para libertar o potencial de inovação em uma ampla gama de recursos existentes dentro e fora da sua empresa. Com a abordagem certa, as empresas podem obter taxas mais altas de crescimento e inovação, aprendendo como interagir e criar junto com uma rede dinâmica e cada vez mais global de colaboradores (peers).”

“Uma nova arte e ciência da colaboração está emergindo — nós a chamamos de “wikinomics“.”

“A nova promessa da colaboração é que, com o peering, exploraremos a capacidade, a engenhosidade e a inteligência humana com mais eficiência e eficácia do que qualquer outra coisa que já presenciamos.”

“E, nos próximos anos, esse novo modo de peering substituirá as hierarquias empresariais tradicionais como o mecanismo essencial para a criação de riqueza na economia.”

“Com o surpreendente aumento da potência computacional, da capacidade e do alcance das redes, além do crescente acesso às ferramentas necessárias para que possamos nos organizar, criar valor e competir, essa nova web abriu as comportas para uma explosão mundial de participação.”

“Estamos todos participando do surgimento de uma plataforma global e onipresente para computação e colaboração que está remodelando quase todos os aspectos das relações humanas. Enquanto a velha web era constituída por sites, cliques e chats, a nova web é composta de comunidades, participação e peering.”

“Para inovar e ter êxito, a nova colaboração em massa precisa se tornar parte do roteiro e do léxico de todos os líderes. Aprender como interagir e criar em conjunto com um grupo mutante de parceiros auto-organizados está se tornando uma habilidade essencial, tão importante como a elaboração de orçamentos, P&D e planejamento.”

“Um novo tipo de empresa está surgindo — uma empresa que abre as suas portas para o mundo, inova em conjunto com todos (sobretudo os clientes), compartilha recursos que antes eram guardados a sete chaves, utiliza o poder da colaboração em massa e se comporta não como uma multinacional, mas como algo novo: uma firma verdadeiramente global. Essas empresas estão liderando importantes mudanças em seus ramos e reescrevendo muitas regras da concorrência.”

“A nova arte e ciência da wikinomics se baseia em quatro novas e poderosas ideias: abertura, peering , compartilhamento e ação global. Esses novos princípios estão substituindo algumas velhas doutrinas dos negócios.”

“(…) a abertura está associada a franqueza, transparência, liberdade, flexibilidade, expansividade, engajamento e acesso.”

“Recentemente, empresas inteligentes têm repensado o conceito de abertura, o que está começando a afetar uma série de funções importantes, entre as quais os recursos humanos, a inovação, os padrões da indústria e as comunicações.”

“(…)  as empresas precisam cada vez mais abrir as próprias portas para o parque global de talentos que prospera fora dos seus muros.”

“(…)  as pessoas e instituições que interagem com as empresas estão obtendo um acesso sem precedentes a importantes informações sobre comportamento, operações e desempenho das empresas. Armados com novas ferramentas para descobrir, informar os outros e se auto-organizar, as partes interessadas estão esquadrinhando as empresas como nunca antes.”

“Ao contrário de ser algo a se temer, a transparência é uma poderosa e nova força para o sucesso das empresas.”

“(…) está surgindo uma nova forma de organização horizontal, que rivaliza com a empresa hierárquica no que diz respeito à sua capacidade de criar produtos e serviços baseados em informações e, em alguns casos, bens físicos. Como já foi mencionado, essa nova forma de organização é conhecida como peering.”

“As pessoas cada vez mais se auto-organizam para projetar bens ou serviços, criar conhecimento ou simplesmente produzir experiências dinâmicas e compartilhadas. Um número crescente de exemplos sugere que modelos peer-to-peer de organização da atividade econômica estão penetrando em áreas que vão muito além da criação de software.”

“Os integrantes de comunidades de peering têm muitas motivações diferentes para participar delas, de diversão e altruísmo até a realização de algo que tem um interesse direto para eles. Apesar do igualitarismo ser a regra geral, a maioria das redes de peering tem uma estrutura subjacente, na qual algumas pessoas têm mais autoridade e influência do que as outras. Mas as regras básicas de operação são tão diferentes da hierarquia de comando e controle de uma empresa quanto essa mesma empresa era diferente da oficina feudal da economia pré-industrial.”

” Novas tecnologias digitais de gestão dos direitos tornam conhecimento e conteúdo mais restritos — as informações podem ser medidas, o comportamento do consumidor pode ser controlado e os detentores da propriedade intelectual podem cobrar uma tarifa por cada acesso. Jardins murados de conteúdo, bases de dados exclusivas, software de código fechado. Todos esses elementos prometem bons retornos para produtores de conhecimento. Mas, ao mesmo tempo, restringem o acesso às ferramentas essenciais de uma economia baseada no conhecimento. E, pior ainda, excluem as oportunidades reais de inovação e criatividade impulsionadas pelo consumidor que poderiam dar origem a novos modelos de negócios e indústrias.”

“Hoje, uma nova economia da propriedade intelectual está prevalecendo. Cada vez mais, e até certo ponto paradoxalmente, empresas de aparelhagens eletrônicas, biotecnologia e de outras áreas acham que manter e defender um sistema exclusivo de propriedade intelectual muitas vezes enfraquece a capacidade de criar valor.”

“Quando removido, o isolamento produz inevitavelmente efeitos de ruptura na estratégia de negócios, nas estruturas empresariais, na paisagem competitiva e na ordem social e política global.”

“A nova globalização causa, e ao mesmo tempo é causada por, mudanças na colaboração e na maneira como as empresas orquestram a capacidade de inovar e produzir coisas. Permanecer globalmente competitivo significa monitorar internacionalmente as mudanças nos negócios e utilizar um parque de talentos globais muito mais vasto. Alianças globais, mercados de capital humano e comunidades de peering possibilitarão o acesso a novos mercados, ideias e tecnologias. Será necessário gerenciar os ativos humanos e intelectuais em várias culturas, disciplinas e fronteiras organizacionais. As empresas vencedoras terão de conhecer o mundo, inclusive os seus mercados, tecnologias e pessoas. Aqueles que não o fizerem se sentirão deficientes, incapazes de competir em um mundo empresarial que é irreconhecível segundo os padrões atuais.”

“(…) uma empresa verdadeiramente global não tem fronteiras físicas ou regionais. Ela constrói ecossistemas planetários para projetar, abastecer, montar e distribuir produtos em uma base global.”

” Em uma era na qual a colaboração em massa pode redefinir uma indústria da noite para o dia, os antigos modos hierárquicos de organização do trabalho e da inovação não dão conta do nível de agilidade, criatividade e conectividade que as empresas exigem para permanecerem competitivas no ambiente atual. Cada indivíduo tem agora um papel a desempenhar na economia, e cada empresa tem uma escolha — comoditizar ou se conectar.”

“Energizada por blogs, wikis, salas de bate-papo, transmissões pessoais e outras formas de criação e comunicação peerto-peer , essa força extremamente descentralizada e amorfa cada vez mais se auto-organiza para fornecer as próprias notícias, o próprio entretenimento e os próprios serviços. À medida que esses efeitos permeiam a economia e cruzam com mudanças estruturais profundas como a globalização, veremos o surgimento de um tipo totalmente novo de economia, no qual as empresas coexistem com milhões de produtores autônomos que se conectam e criam conjuntamente valor em redes livremente acopladas. Chamamos isso de economia da colaboração. “

Referências Bibliográficas: TAPSCOTT, Don., WILLIAMS, Anthony D. Wikinomics: Como a colaboração em massa pode mudar seu negócio. Nova Fronteira, 2007.

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